Startups gaúchas têm investimento recorde, aponta estudo do Instituto Caldeira e Distrito
O Rio Grande do Sul tem sedimentado cada vez mais seu espaço rumo a se tornar o maior polo da nova economia do país, com potencial de exportar para o resto do mundo as soluções criadas por aqui. É o que mostra o RS Tech, levantamento que faz um raio-x do ambiente de inovação do Estado, realizado pelo Instituto Caldeira e pela Distrito.
O estudo apresenta um RS que caminha a passos largos para inovação, com investimentos recordes em startups e diversas conexões entre elas e empresas tradicionais. O ano de 2020, por exemplo, bateu recordes, chegando a US$ 200 milhões investidos em negócios liderados por startups gaúchas como Nelogica, Agibank e Warren.
De acordo com a pesquisa, desde o terceiro semestre de 2020 o mercado gaúcho absorve novos aportes em tecnologia. Em 2019, foram aportados R$ 11,9 milhões nas empresas gaúchas; número saltou para R$ 202,9 milhões em 2020. Neste ano, até julho, o total foi de R$ 77,2 milhões.
O resultado coloca o primeiro semestre de 2021 como o melhor da história, ultrapassando inclusive o primeiro semestre de 2020.
À despeito de uma certa desaceleração do processo de crescimento de novas empresas, o que vemos é um grau de maturidade muito significativo das nossas startups. São operações que estão empregando mais pessoas e crescendo as suas estruturas”, destaca o diretor executivo do Instituto Caldeira, Pedro Valério.
O levantamento também aponta um aumento no número de novas startups gaúchas mapeadas no RS, passando de 422 em 2019 para 661, crescimento de 57%. Além disso, também são cerca de 28 setores que formam ecossistema do RS.
Em comparação ao levantamento de 2019, os setores que mais evoluíram foram HR Tech com aumento de 9 para 23 startups, Ed Tech com aumento de 14 para 37 e Retail Tech com aumento de 32 para 60 soluções de tecnologia.
Na prática, os dados apontam para um claro amadurecimento do segmento de inovação no RS e um crescente interesse externo pelas startups gaúchas.
Pudemos ver que neste ano houve um crescimento significativo de novas startups. Muitos negócios se reinventaram e empreendedores abriram novas frentes de negócios”, explica Marciano Testa, um dos idealizadores e presidente do Instituto Caldeira.
Segundo ele, “o estudo produzido pelo Instituto Caldeira prova a importância do papel do Rio Grande do Sul no desenvolvimento de um ecossistema de inovação pujante e acolhedor”.
Para Gustavo Araujo, cofundador e CEO do Distrito, que realizou o estudo junto com o Caldeira, os dados apontam para o amadurecimento da economia gaúcha, o que tem atraído olhares de importantes players do mercado.
De acordo com a pesquisa, em 2020, cinco empresas buscaram no mercado gaúcho startups para aquisição; em 2021 foram mais oito. O destaque vai para Locaweb, com 13 aquisições nos últimos dois anos, três delas no Estado (Bling, Melhor Envio e Dooca Commerce).
O Rio Grande do Sul já se posiciona como um dos principais ecossistemas do Brasil. Esperamos novas scaleups e unicórnios saindo daqui, crescendo muito e se tornando cada vez mais referência no Brasil e na América Latina”, destacou Araújo.
Conexão entre público e privado
Ao comentar os resultados da RS Tech, o secretário de Ciência, Inovação e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Luís Lamb, relembrou que os bons frutos também são resultados da forte conexão entre universidades, poder público e empreendedores.
“Este estudo mostra nossa evolução enquanto mercado de inovação, e que também já somos vistos com outros olhos pelas grandes empresas. É um diagnóstico importante de onde estamos e onde podemos chegar”, destacou.
Já o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, lembrou que o RS sofreu na última década com a perda de diversos talentos para fora do Estado e, que por isso, é preciso encontrar maneiras de reter os projetos aqui dentro.
“O poder público tem um papel indutor na inovação muito importante, tanto na desburocratização como na criação de oportunidades”, enfatizou o prefeito.
Porém, mesmo com avanços significativos do polo de inovação do RS, o caminho ainda está recém no início, lembra o diretor executivo do Instituto Caldeira, Pedro Valério.
“Tivemos movimentos importantes de inovação no Rio Grande do Sul, mas há espaço de crescimento em todas as regiões. Vemos um grande potencial de desenvolvermos novas tecnologias e novas oportunidades de negócios”, enfatizou