Checkplant aposta no Farmbox, software de gestão, para automatizar decisões no campo

Checkplant aposta no Farmbox, software de gestão, para automatizar decisões no campo

Dois milhões de hectares de área monitorada pelas suas soluções em software. Essa é a marca que a Checkplant, startup de Pelotas (RS), alcançou em 2020 – contra 1,2 milhão do ano anterior. Um crescimento em linha com o que se espera de evolução na oferta e na adoção das novas tecnologias pelo agronegócio brasileiro nos próximos anos.

Há 18 anos no mercado, a agtech gaúcha tem no seu portfólio tecnologias de manejo, rastreabilidade e gestão para o campo. Com o Farmbox, a caixa de soluções para a gestão e a operação das fazendas, o foco é apoiar pequenos, médios e grandes produtores do controle de pragas e na gestão para tomada de decisões agronômicas para fazendas no País. Já são 15 estados atendidos, além de países como a Bolívia, Paraguai e a Venezuela.

E o que esperar daqui para frente? Para o CEO da Checkplant, André Guerreiro, 2021 tem potencial para ser um ano de ouro no uso de tecnologias que possam ajudar o empreendedor rural a crescer.

Vemos um terreno muito fértil de ideias e desafios para o agronegócio, setor fundamental para o desenvolvimento do Brasil. Quando a gente direciona esse olhar da revolução tecnológica para a agricultura, temos a chance de construir algo muito bonito para o nosso futuro”, ressalta.

Para ele, a automatização de processos, em máquinas, produtos químicos, fertilizantes ou sementes, é a nova etapa na evolução do agronegócio digital. Responsável por mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, o setor movimenta cerca de R$1,5 trilhão no País. “Qualquer inovação tecnológica que aumente 1%, 2% ou 3% da rentabilidade no campo, já gera muito impacto. Pequenas inovações serão capazes de transformar o setor”, destaca Guerreiro.

Apesar de terem um papel fundamental na evolução do agronegócio digital, as agtechs ainda lidam com grandes desafios. Um deles é dificuldade da logística, natural para o setor em função dos difíceis acessos às localidades rurais. “O agronegócio é formado por um conjunto de muitos setores, com diferentes realidades. Mas, é importante conseguirmos desenvolver os produtores rurais de menor porte já que, como eles são maioria na agricultura brasileira, o impacto no todo se torna gigantesco”, acrescenta o empreendedor.  Ao seu lado na startup estão Felipe Vilela e Ivana Schaun.

Conexão entre as agtechs e as gigantes do agro

A proximidade entre startups e gigantes já estabelecidos no agronegócio nacional é um caminho para acelerar a evolução do setor. Uma das vantagens dessa aproximação é a troca de experiências e a possibilidade de criação de  novos modelos de negócios capazes de beneficiar o ecossistema como um todo.

Confiante nos benefícios da criação destas conexões com players tradicionais  do mercado, a Checkplant trabalha atualmente com parceiros como o FMC e a Bayer. No caso da Bayer, um dos resultados é a integração do Farmbox na plataforma digital Climate FieldView para gerar entregas mais ágeis aos produtores.

E quais os desafios para as startups nessa relação? Guerreiro relata que as grandes corporações podem gerar demandas muito grandes para as startups. É preciso se planejar e evitar se tornar dependente de uma só empresa como cliente, já que mudanças na gestão da corporação ou nos direcionamentos estratégicos dos negócios podem ocasionar a ruptura do projeto. “Os riscos dessa relação existem, mas se o empreendedor prestar atenção e evitar alguns cenários, poderá se beneficiar muito, já que são muitos os aprendizados e as oportunidades de ganho em escala” ressalta.

Integrante do levantamento que destacou as startups que deverão fazer a diferença em 2021, realizado pelo Instituto Caldeira e pelo Sebrae RS, a Checkplant começou a sua história desenvolvendo software de rastreabilidade. O foco, em 2003, era comprovar que a produção integrada de pêssegos resultava em produtos de melhor qualidade do que àqueles produzidos sem nenhuma instrução.

Após essa primeira experiência, a empresa acompanhou, no Vale do São Francisco, a dificuldade dos produtores de uvas e de mangas na exportação dos produtos. “Havia no mercado uma carência de softwares que acompanhassem os conceitos agronômicos e as técnicas de gestão já avançadas, apoiando os produtores na tomada de decisão”, relembra Guerreiro.

Foi o início da aposta da gestão no campo pela empresa, decisão que comprovou ser acertada. “O produtor brasileiro é um grande empreendedor e um verdadeiro herói. Queremos cada vez mais nos posicionarmos como uma das melhores plataformas de tomada de decisão e gestão para produtores, equipes técnicas e consultorias”, conclui Guerreiro.

Raio-x

Nome da startup: Checkplant Sistemas SA

Nome dos sócios: André Guerreiro Cantarelli, Ivana Manke Schaun e Felipe Mathies Vilela

Estágio: Scale-up

Segmento: Agtech de SaaS (Software como serviço)

Número de colaboradores: 51

Principal produto: Farmbox